terça-feira, 5 de maio de 2009

Gestão de carreiras

A importância do feedback

"Ver-se por meio do outro pode ser um bom caminho para o seu
desenvolvimento e crescimento profissional"
Marta Campello-Professora da Fundação Dom Cabral

Emprego novo, funções mais desafiadoras no trabalho, liderança nova na
equipe e outras mudanças em busca de melhores resultados... Esses são
alguns exemplos de situações que estão na pauta de profissionais de muitas
organizações. Mas será que você está dando conta dos novos desafios?

Para responder a essa pergunta, saiba que existe uma importante prática de
gestão que, quando bem conduzida, pode trazer resultados muito positivos
para a organização e o profissional. É pelo feedback que a chefia dá
retorno aos funcionários sobre seu desempenho com o objetivo de aprimorar
as competências e direcionar o desenvolvimento de sua equipe.

No entanto, recentemente, realizei uma pesquisa para conhecer a percepção
dos funcionários sobre o feedback e pude observar que muitas pessoas ainda
o encaram como uma prática que se restringe a críticas, correções e
“puxadas de orelha”, sendo temido e visto como um instrumento contrário ao
que deveria ser.

Como o elogio, quando feito, acaba sendo de forma espontânea, o feedback
se torna um momento mais formal em que, na maioria das vezes, apenas as
questões mais críticas ou os pontos a melhorar são considerados. Até
porque a própria chefia prefere algumas vezes a zona de conforto, adiando
as críticas e demais ponderações de mudanças em relação ao trabalho dos
funcionários.

Essa também é uma questão cultural brasileira, já que costumamos misturar
nossa vida pessoal com a profissional, confundindo papéis e evitando
avaliar o desempenho dos profissionais com os quais nos relacionamos. Mas
o bom gestor deve saber “fazer o tempero certo”, buscando um equilíbrio
saudável entre a crítica e o elogio.

Porém, é somente a mudança de prática de quem dá e quem recebe o feedback
que se poderá mudar essa percepção. Quando bem realizado, pautado em
afirmações ponderadas, justas e sérias, o feedback tende a ser visto com o
objetivo de contribuir para o desenvolvimento do outro. O bom feedback é
aquele que faz você pensar e depois mudar.

Enquanto profissional em busca de crescimento e novas oportunidades, você
também deve aprender a pedir feedback e estar preparado para ouvir coisas
que nem sempre serão agradáveis. É importante que não se crie uma
reatividade negativa, já que, ao contestar sempre o que lhe dizem, você
está ampliando sua “área cega”: não ouve, não reconhece erros, não cria
condições para a mudança nem abre espaço para o novo.

Além disso, ao propor para a sua chefia uma prática de feedback mais
direcionada e rotineira, esse processo acaba se tornando um “combinado”
implícito da chefia com os seus funcionários, a partir do que denominamos
contrato psicológico. Por um lado, o chefe deixa a porta sempre aberta e,
por outro, o funcionário passa a não se assustar quando chamado para uma
apreciação do seu desempenho. Ou seja, o feedback incorpora-se à rotina da
organização.

Outro ponto importante é que o feedback pode ser colocado em prática pelo
funcionário até mesmo com os próprios colegas de trabalho. É importante
que se crie um ambiente de colaboração e compartilhamento de ideias e
ações.

É comum ouvir nas organizações que “o chefe não sabe dar feedback” ou que
“a turma não sabe receber feedback”. Para acabar com essa divergência é
importante refletir: o quanto facilito e o quanto dificulto o processo de
feedback? Ou o quanto você tem dado ou recebido feedback?

Por fim, encare o feedback como um espelho. Quando nos vemos somente pelo
nosso próprio espelho, nosso olhar fica muito próximo a nós mesmos e não
conseguimos fazer as distinções necessárias. Ver-se por meio do outro pode
ser um bom caminho para o seu desenvolvimento e crescimento profissional.

Contato: www.fdc.org.br ou pelo e-mail imprensa@fdc.org.br

Fonte: Estado de Minas, 26/04/2009

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