A enxurrada de demissões que fez do primeiro bimestre deste ano o pior da década começa, aos poucos, a perder força. Embora o ritmo de contratações ainda esteja bem menor que em 2008, o mercado já dá sinais de recuperação. “As empresas estavam na defensiva, até janeiro, mas estamos percebendo uma retomada dos negócios nas últimas semanas”, afirma Paulo Pontes, diretor- geral da consultoria de recrutamento Michael Page. Ele acredita, até mesmo, que este seja o momento ideal para as empresas contratarem talentos. Uma boa notícia, sem dúvida, para quem está à procura de oportunidades de trabalho. Mas por onde e como começar?
Existem diferentes formas de procurar emprego, que vão dos tradicionais anúncios de jornal à nova onda de sites de emprego na internet. O primeiro passo, porém, está bem mais próximo de você — a sua rede de contatos. O velho networking permanece no topo da lista dos meios de recolocação como o mais eficiente deles. “Quando uma pessoa chega até nós por indicação, já vem com referências. Por isso, as chances de ser contratada aumentam em relação aos demais concorrentes”, reconhece Paulo, da Michael Page.
A fabricante de computadores Dell conta com um programa institucionalizado de incentivo às indicações: se o funcionário recomenda um profissional e ele acaba sendo efetivado, o funcionário recebe um bônus. Em tempos de crise, a indicação tende a ter um peso ainda maior no mercado de recrutamento, uma vez que o número de profissionais disponíveis também cresce. Segundo levantamento feito em 2008 pela DBM, consultoria de recolocação, 77% dos executivos entrevistados conquistaram um emprego por meio de networking.
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COMO FAZER
Se você ainda não montou sua rede de contatos, comece listando o nome de todas as pessoas com quem mantém vínculo direto. A relação deve incluir amigos, parentes, ex-colegas de faculdade, professores e companheiros do trabalho. “Os profissionais se esquecem de fazer networking dentro das companhias em que atuam e isso é um erro comum. Com as empresas passando por reestruturações, é essencial ser conhecido internamente”, lembra Carmelina Nickel, consultora da DBM.
Relacionamentos precisam ser cultivados constantemente, e não acessados somente nos momentos de necessidade. Mas, se sua rede de contatos estiver inativa e você precisando acioná-la, não desanime. “As pessoas sentem vergonha de procurar um colega com quem não falam há algum tempo, com receio de que ele possa se sentir usado, quando, na verdade, isso é apenas uma suposição”, ressalta Sílvia Nogueira, coordenadora de outplacement da consultoria Ricardo Xavier. Como ninguém sabe qual será a reação do outro, é preciso, ao menos, tentar. Há, no entanto, maneiras e maneiras de se fazer uma abordagem.
Aí vão algumas regrinhas de ouro para aprimorar seu networking:
• Seja transparente quando for resgatar um antigo contato. Isso significa dizer, de pronto, o motivo da conversa: que você está disponível e aberto para avaliar propostas. Ligue para os mais íntimos e mande um e-mail direcionado para cada um dos conhecidos — nunca uma mensagem coletiva.
• Mantenha o contato com essas pessoas, mas sem exercer cobrança. Depois de enviada a primeira mensagem, procure-as novamente em 30 ou 40 dias. Tome o cuidado de acrescentar alguma novidade em relação ao conteúdo do e-mail original e conserve um tom otimista. Por exemplo: “Fiz o curso X neste mês e sei que abrange sua área de atuação. Podemos marcar um almoço para trocar ideias?”.
• Fuja do papel de vítima. Não transfira para o outro o trabalho de arranjar um emprego para você.
• Caso consiga um novo trabalho, avise à rede e não se esqueça de agradecer o apoio das pessoas. Novamente, mande um e-mail personalizado com seus novos contatos. “Mensagem coletiva, nessas horas, é um pecado mortal”, avisa Carmelina Nickel, consultora da DBM.
• Alimente sua rede de contatos enviando mensagens ou fazendo telefonemas, no mínimo, duas vezes por ano: no aniversário e no réveillon.
• Amplie sua rede. Participe de palestras, cursos, entre outros eventos. Mas vá sozinho e se dê a oportunidade de conhecer novas pessoas.
Assim como ocorre com seu networking, os cuidados com a carreira devem ser uma preocupação constante. Muitos profissionais só despertam para a necessidade de uma atualização, por exemplo, em momentos críticos, quando já pode ser tarde, dependendo da vaga pleiteada. “A realidade hoje é outra. Dificilmente alguém se aposenta na empresa em que começou a trabalhar”, alerta Sílvia Nogueira, da Ricardo Xavier. “Quem lida com comércio exterior tem que ter outro idioma, assim como pós-graduação tornou-se praticamente obrigatória para quem ocupa cargos executivos.” Ricardo Mota, diretor de recursos humanos da UAB Motors, grupo de concessionárias, está sentindo na pele, em plena crise, o problema da defasagem profissional. “Tenho 70 vagas em aberto e não consigo preenchê-las”, diz Ricardo.
Busca inovadora
Como o paulista Leonardo Cirino, de 25 anos, conquistou um cargo de diretor de marketing
Quando não se tem o “quem indica”, a saída é usar a criatividade. O conselho é do paulista Leonardo Cirino, de 25 anos, diretor de marketing da rede de escolas de idiomas CNA. Ele pôs a lição em prática há dois anos, quando resolveu conquistar o emprego que, hoje, ocupa. Para tanto, usou um expediente incomum: fez uma pesquisa de mercado sobre a empresa, produziu um DVD e o enviou ao presidente. Foi chamado para um almoço na semana seguinte e, poucos dias depois de conversar com outros diretores da casa, foi contratado.
“Sempre me coloco no lugar de quem está selecionando, para tentar fazer alguma diferença”, diz Leonardo. Diferentemente dos novíssimos videocurrículos, que perigosamente começam a ganhar adeptos, a apresentação virtual de Leonardo tratava apenas da pesquisa empreendida por ele — um estudo sobre o mercado de ensino de idiomas, em geral, e sobre a franquia CNA, em particular. Não era, portanto, o discurso de um candidato, mas uma fala técnica. A trajetória profissional ele deixou para contar durante a entrevista presencial. “Aí, sim, foi a hora de vender meu peixe”, diz o executivo. Luiz Nogueira da Gama Neto, presidente do CNA, se surpreendeu com a iniciativa. “Em 30 anos, nunca tinha visto algo desse tipo. Leonardo se mostrou, no mínimo, um inovador”, afirma Luiz.
Para garantir o sucesso do plano, o então candidato pensou em todos os detalhes. Optou por vídeo porque calculou serem grandes as chances de seu trabalho se perder caso preparasse um documento escrito. Para se certificar da qualidade do produto que seria entregue, contratou uma produtora. Leonardo também levou em consideração o fato de o grupo CNA ser familiar. “As chances de eu ter acesso direto ao presidente eram maiores, por exemplo, do que numa multinacional com uma forte estrutura de RH”, afirma.
A ideia do vídeo deu tão certo que foi criada a TV CNA, hoje o principal canal utilizado por Leonardo para se comunicar com as cerca de 500 unidades da franquia no país. E a sugestão de reposicionamento da marca, feita no DVD, foi implementada assim que Leonardo foi contratado.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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Minhas amigas,
ResponderExcluirQuero parabeniza-las está lindo demais!
Adorei!
Vou encaminhar os dados da Empresa ACERTAR para vocês
Beijos
Rosângela